Empatia – da emoção para a ação

28/06/2023 - AUTOR: Caio Infante

 

Muitos candidatos a vagas de emprego das mais variadas áreas me procuram em minhas palestras para reclamar da falta de humanização por parte dos recrutadores. Muitos deles, inclusive, desistem logo na primeira etapa do processo por causa disso.

            Sem dúvida alguma, quando uma pessoa busca uma vaga de emprego, ela se encontra em uma situação fragilizada. Quem está desempregado, por exemplo, acumulando contas para pagar, acaba aceitando qualquer oportunidade de trabalho para sair do olho do furacão, o que não é bom profissionalmente. Existem, também, aqueles que, apesar de estarem empregados e com dinheiro, não estão felizes nas posições que ocupam. E tem também as pessoas que pertencem a um terceiro grupo formado por quem não está procurando emprego, mas é abordado por uma empresa e acaba aceitando um novo desafio.

O Brasil é o País onde as pessoas mais se candidatam a vagas de emprego que não estão dentro do seu perfil a fim de uma mudança de carreira e, considerando este cenário e os três perfis que descrevi acima, começo dizendo que ter empatia não significa, ao contrário do que muitos RHs pensam, agir como tolo. É fato que os candidatos, em qualquer situação, cobram das empresas mais empatia não só durante o processo seletivo, mas, também, no dia a dia de trabalho. Independentemente de ser por conta de estar com sua saúde mental ou profissional abalada, estes profissionais querem ser ouvidos e, mais que isso, compreendidos e valorizados. A falta de retorno e feedback é uma das principais reclamações, mas, neste caso, o candidato também precisa ter empatia com o recrutador que recebe, por exemplo, mil currículos enviados para uma vaga em aberto. Dependendo do porte da empresa, seria preciso criar um Departamento de Feedback com 50 funcionários só para retornar candidatos às vagas disponíveis, o que é simplesmente inviável.

Acredito muito em empatia e penso que a partir do momento em que a pessoa tem um contato humano mínimo com a empresa, ela deveria ser tratada com o mínimo de respeito e empatia recebendo um retorno do RH. Isso é importante, inclusive, porque os profissionais querem sair de um processo seletivo aprendendo alguma coisa, o que acontece quando eles param para pensar no porque não foram aprovadas. Do outro lado da mesa de uma entrevista presencial ou virtual existem sonhos, contas para pagar, a educação dos filhos, a viagem dos sonhos, a prestação da casa própria... Enfim, existem, ali, sonhos e coisas nas quais a pessoa está apostando e que, de repente, para o gestor ou para o recrutador, é só mais um candidato. Neste caso, é possível exercer empatia, por exemplo, lendo o currículo antes da entrevista para mostrar que sabe um pouco sobre a história do candidato, fazer perguntas e estar aberto a receber perguntas e não fazer outra coisa que tire a atenção durante a conversa.

Já no dia a dia da empresa, o desafio é ainda maior, pois estamos falando de empatia para gerir talentos já contratados e que, em princípio, o empregador quer manter. Hoje a palavra mais importante do mercado de trabalho é flexibilidade, e não estou falando sobre home office ou semana de quatro dias – estou falando sobre entender, de verdade, por exemplo, os problemas pessoais que todos do time têm. É entender as situações da vida pessoal dos profissionais, pois não são só os gestores que podem priorizar saúde e trabalho em primeiro lugar – todos podem e devem fazer isso.

É claro que tudo deve ser feito com moderação, sem abuso justamente para não confundir empatia com fazer papel de bobo, como falei anteriormente. Acho que o maior desafio é, justamente, saber ser flexível na medida certa.

E para fechar o clico, temos que falar, também, sobre ter empatia no momento do desligamento de um colaborador. Fechar um ciclo quando apenas uma pessoa pensa assim nunca é fácil e é preciso manter o respeito e a empatia nesses momentos difíceis para um dos lados. Para isso, vale conversar francamente com o profissional que está sendo desligado contando os motivos da despensa e tentando oferecer algum tipo de auxílio, como estender o plano de saúde por um período ou oferecer um apoio de recolocação no mercado.

O RH tem um papel fundamental diante de tudo isso, até mais que os gestores, do começo ao fim da jornada do profissional dentro da empresa, e isso não pode ser esquecido ou abocanhado pela sede de, no dia a dia, preencher vagas e efetuar contratações. Os profissionais de RH também são candidatos em suas carreiras e aí reclamam quando se deparam com falta de empatia. Já que se trata de uma dor conhecida, que tal fazer diferente e fazer diferença?
 

*Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM e possui MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, em Sidney, na Austrália. Com carreira profissional desenvolvida na área de Negócios em agências de propaganda do País e do exterior, desde 2017 está na Radancy, hoje atuando como vice-presidente regional da agência. Caio também é um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a maior comunidade sobre marcas empregadoras, com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais.

 

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