Lançamento destaque o Manual de Direito para professores
Recentemente recebi uma indicação de pauta no portal, que informava, com destaque, a realocação por parte de uma grande empresa, de mais de 50% de seus funcionários para o trabalho em home office. Lembrei-me de uma fala de Claudia Colaferro, em uma das lives promovidas pelo nomuselocus, entre os meses de junho e julho, sobre o tema “As práticas virtuosas continuarão no pós-pandemia? Ela afirmava: “todos nós estamos não no home office, no “Family office”. Achei sensacional o termo e trouxe aqui para os leitores. Nos entido por ela empregado não está relacionado à aplicação usada no mercado financeiro dos “family offices”, uma modalidade que fornece assessoria completa para famílias com alto patrimônio financeiro e que abrange áreas como jurídica, contábil, fiscal e também de investimentos.
Aqui, o termo, que ela apresentou, informalmente em sua fala na live promovida pelo nomuselocus e a t.academia, esteve relacionado ao fato da família – no novo cotidiano do trabalho na pandeia do coronavirus, realizado dentro do lar e todos os processos do conviver em família.
Não estamos em um escritório em casa, mas a casa, o lar, sim, invadiu o escritório. A fala dela acendeu uma série de questionamentos: “como ficarão as estruturas, as ‘infras.’, os paradigmas de tudo o que se compôs e estruturou no ambiente empresarial? Regras, normas, processos – será que começamos a desestruturá-los? Será que saberemos lidar com essa invasão? Será que os paradigmas que aprendemos nas universidades em relação ao administrar, controlar, validar, analisar, mensurar continuarão os mesmos? E as metodologias de gestão, do como implantar, modular, gerir?
É, o “Family office”não as conhece e vai demorar muito tempo para modulá-lo. Será que ele pode ser racionalizado, burocratizado?
São muitos questionamentos e tenho a liberdade de afirmar “nenhum guru, dos mais requisitados, admirados ou sábios lhe dará as respostas mais acertadas. Serão todas elas, hipóteses e em muitos casos, divagações.
Diante disto trouxe aqui para nosso embate algumas marcas que acredito podemos começar a imaginar ou ao menos orientar para tentarmos manter um alinhamento entre as variáveis do cotidiano da vida - já absorvendo o excelente “Family office” da Claudia - e a ambiência racional e burocrática.
Para analisarmos e chegarmos a alguns desses pontos temos que discorrer sob os dois polos da questão: o indivíduo: pais, mães, filhos, sobrinhos, avós, do lado do cotidiano – seja realocado pela empresa ou como autônomo, empreendedor, forçado a ficar no “Family Office”. E do outro lado, o gestor, o ambiente de regras, normas, processos, kpis, etc, das empresas.
Então, vamos lá!
A casa é aquele lugar onde, tradicionalmente, nos sentimos acalentados, protegidos, livres. É lá onde estão a plantinha que regamos diariamente, o “dog” que acalentamos, brincamos e que requer nossa atenção e fica do nosso lado, nos amando e pedindo um passar de mão e aquele olhar! É lá que o corre corre cotidiano nunca segue a rotulação do processo cumpridor de metas. É nele que o filho chega no final da tarde com o joelho machucado; onde a geladeira nos chama para ser reposta; no qual o horário é norteado pelo tempo da vida normal – do passear com o cachorro, da ida à padaria, do corre-corre em cumprir o horário de início da aula e tantos outros tempos e emoções.
É nesse ambiente onde permeia o informal. É lá onde está tudo aquilo que não mostramos no outro lado da vida – o das relações sociais concretas – que, na pandemia foram isoladas e colocadas na clausula protetiva e afetuosa contra o “corona”.
Mas é lá também que de repente nos vimos diante do reaprender sobre o que e como fazer, viver no tempo do entender sobre pandemias.
Do outro lado, está a empresa, estruturada e evoluída a partir de normatizações que a inserem no mundo dos processos, da eficiência, eficácia, dos indicadores de performance. O ambiente no qual tudo e que se faz é regido por mensurações, normativas, de conduta, comportamento, do ser não o que somos, mas do que projetam e dizem – o mercado, o código de conduta, valores, propósitos e missões corporativas. Nosso ser, lá do “Home Family”, normalmente fica intimidado e muitas vezes é melhor que não se projete para sobrevivermos.
Mas e aí Ana Lúcia, qual a relação entre esses dois pontos?
No ambiente que aprendemos a viver, do horário a ser cumprido, do tempo de ir e vir, do que aprendemos a fazer, a ser não tem como se alinhar com o outro tempo. Por quê? São processos, experiência e tempo histórico evolutivo divergentes.
O primeiro contempla a essência de humanidade e vida natural, de formatação de identidade humana. O segundo é o tempo e o processo histórico, evolutivo, quadrado, concreto, material de uma persona que deve ser projetada para gerar valor econômico. O primeiro é volatil, humano, apaixonado, onde circulam as emoções, das identidades humanas, complexas, divergentes e únicas por serem elas – não precisam, não demandam geração de valor econômico, sim humano. Nele o indicador de maior sintonia e equlíbrio é o amor, a liberdade, a emoção, as paixões. Para existir e ser equilibrado essas variáveis são essenciais.
O segundo, nem sempre. Para ter o equilibrio, o indicador principal é o valor ou todos aquelas variáveis que no círculo levem a ele: um valor material, monetário, de desempenho estatístico, matemático e de mercado.
Como equilibrá-lo? Reformatação do modelo; quebra dos paradigmas, das interpretações formalizadas como concretas e certas. Reformatação para novos parâmetros que nos leve ao retorno das sintonias, das avaliações e indicadores sustentados em trocas dialógicas, de tempos nos quais o equilibrio era obtido por parâmetros outros que teremos que recuperar, nos reavaliando e descobrindo em nós, indivíduos, quais aqueles que agregam para nosso bem estar e equilibrio de vida e de mundo e de uma nova (ou antiga?) realidade que urgentemente necessita de atitudes, responsabilidades “virtuosas”. Teremos que reaprender a ser.
Individualmente a partir desta redescoberta levaremos elas e a nossa experiência do ”Family Office” e todos os indicadores de valor para a ambiência organizacional.
Nada será como antes, sabemos. A experiência do consumo? Será deslocada do ponto de venda para o “Family Work”. A relação de atendimento frio e impessoal do SAC entrará no “Family Office” e como precisará ser bem afetivo! O diálogo com os públicos interessados será cada vez mais orientado pelas necessidades. responsabilidade e respeito para com a evolução material dos variados micropoderes que começam a competir com os diversos propósitos das marcas.
Pois é, temos muito a construir e só saberemos fazê-lo dialogando, trocando e descobrindo juntos sem ficarmos focando em descobrir qual o guru que está mais correto. Obrigada Claudia, pelo “Family Office”. Valeu!
Quer bater um papo, uma monitoria de apoio para a equipe ou para você? Quem sabe juntos podemos nos equilibrar. tacademia@tacademia.com.br
Ana Lúcia De Alcântara Oshiro – editora NomuseLocus e coordenadora da T.Academia.